
Existe ciência boa ou ruim? É possível avaliar quando um texto científico produz mais efeitos malefícios do que benefícios? Qual a responsabilidade de editores e cientistas na aprovação de estudos falhos ou fraudulentos? Este é o ponto central de uma matéria publicada pela Revista Radis, em sua edição de maio de 2025, que alerta para os perigos gerados pelo que vem sendo taxado como má ciência. Nela, cabem pesquisas academicamente legitimadas, mas mal conduzidas ou enviesadas, que podem confundir o público e ameaçar a saúde pública.
O texto, assinado pelo subeditor Glauber Tiburtino, traz como exemplo um estudo publicado em março de 2020, na Revista Internacional de Agentes Antimicrobianos (em inglês, International Journal of Antimicrobial Agents), que defendia o uso de hidroxicloroquina (com azitromicina) contra a covid‑19. O estudo referendou e fortaleceu a adoção de um tratamento alternativo e ineficaz sendo o contraponto ao que vinha sendo reiterado por pesquisas feitas ao longo da pandemia de covid-9.
A revista alerta que a divulgação desviou a atenção das medidas realmente eficazes: distanciamento, higiene e uso de máscaras, preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda, mostra que este é um exemplo de como dados científicos podem ser apropriados por grupos com motivações políticas, ideológicas ou econômicas, mesmo sem respaldo ético ou metodológico.
Na matéria da Radis, Marília Sá Carvalho, coeditora-chefe da Cadernos de Saúde Pública (CSP), uma das revistas científicas que integra o Portal de Periódicos, reflete sobre essa conduta, e problema, que vem marcando a produção científica. Marília afirmou que o simples uso do discurso científico não fornece o selo de legitimidade de um estudo, pois a qualidade, a integridade metodológica e a responsabilidade editorial são fundamentais. Segundo ela, “separar o que é ciência do que é pseudociência, hoje, não é fácil”.
Leia a íntegra da matéria Quando a desinformação vem com selo acadêmico no site da Radis.
Para pensar:
- Até que ponto a aparência acadêmica pode gerar mais desinformação?
- Qual o papel das revistas científicas na propagação de artigos e informações fraudulentas?
- Como a sociedade pode desenvolver mecanismos para identificar a pseudociência?