O Editorial do mês de março em CSP alerta para os perigos das revistas predatórias e suas práticas mais comuns, como a criação de páginas web com informações falsas sobre editores e índices de impacto inventados. O manuscrito destaca também ferramentas como checklists e guias elaborados por instituições científicas, que orientam sobre critérios seguros para avaliar onde publicar. “No fundo, a questão é mesmo essa: a apropriação do trabalho de cientistas por editoras comerciais. Não é uma tarefa fácil combater esse problema”, reforçam as coeditoras-chefe.
No artigo de Perspectiva desse fascículo, os autores chamam atenção para os efeitos da poluição do ar, responsável por cerca de 8 milhões de mortes anuais no mundo, incluindo 700 mil crianças. Apesar de avanços regulatórios no Brasil, o adiamento da adoção de limites seguros até 2044 desconsidera as diretrizes da OMS. O texto reforça a urgência de ações de mitigação e de uma comunicação eficaz sobre os riscos à saúde.
A Revisão que compõe essa edição investigou como fatores socioeconômicos influenciam o atraso no tratamento do carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. A análise de dez estudos apontou que aspectos como cor da pele, plano de saúde, escolaridade e localização podem impactar o tempo de início do tratamento. No entanto, a heterogeneidade dos dados indica que mais estudos são necessários para confirmar essas relações.
Entrevistas com 8.650 estudantes universitários compuseram o estudo A pandemia de COVID-19 influenciou o uso de medicamentos psicotrópicos por estudantes universitários e LGBTQIAPN+? Um estudo multicêntrico brasileiro. A pesquisa mostrou que 25,7% dos estudantes recorreram a esses medicamentos, com maior prevalência entre mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+. Também foram registrados casos de automedicação, evidenciando a urgência de ações voltadas à saúde mental nas universidades.
O artigo Percepção de risco e sua influência na vida dos moradores diante da possibilidade de colapso de uma barragem de rejeitos de mineração coletou entrevistas de moradores barragem Sul Superior, em Barão de Cocais (MG), que revelaram sofrimento emocional, insegurança e consequências econômicas, ambientais e sociais. Mais da metade dos entrevistados não soube do risco no momento do anúncio, e a maioria acompanhou o caso por redes sociais e internet. Os achados apontam como a comunicação falha e a invisibilidade dos efeitos psicológicos agravaram a vulnerabilidade da população.
O estudo Desempenho do teste rápido de chikungunya em cenário de cocirculação de Zika e dengue no Município do Rio de Janeiro, Brasil, com base em inquérito populacional, analisou amostras de 2.120 voluntários. O teste rápido demonstrou alta acurácia (97,7%) na detecção de exposição ao CHIKV, mesmo em contexto de ampla circulação de flavivírus. O ponto de corte ideal, identificado por meio de curva ROC, foi ligeiramente inferior ao indicado pelo fabricante, com sensibilidade e especificidade superiores a 96%.
Acesse na íntegra o fascículo de março no site de CSP.