A história pelas lentes da saúde

07/09/2020
Flávia Lobato (Portal de Periódicos Fiocruz), com informações do Blog de HCS-Manguinhos

É dia de celebrar uma das nossas principais bandeiras: o livre acesso ao conhecimento, que estimula a formação do pensamento independente e crítico sobre a realidade. Por isso, para o “bem de todos e felicidade geral”, proclamamos que estão disponíveis, em acesso livre, 9 livros da coleção História e Saúde da Editora Fiocruz, através da plataforma SciELO Books. Ou seja: você pode baixar as obras gratuitamente. O Portal traz, ainda, a resenha A história do Brasil pelas lentes da saúde, assinada pelo pesquisador André Mota, da Universidade de São Paulo (saiba mais, a seguir). Um salve ao conhecimento!

Do Período Colonial às reformas sanitárias do século XX

Em resenha publicada na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol. 26, supl. 1, jan/2020), André Mota (Universidade de São Paulo) escreve sobre a obra História da saúde no Brasil: uma breve história. Organizado pelos pesquisadores Luiz Antonio Teixeira, Tânia Salgado Pimenta e Gilberto Hochman, o livro “abarca uma concepção fundamental sobre a constituição do Brasil, entrelaçando questões sobre a estruturação do espaço geográfico e sociopolítico, desde o período colonial até os dias atuais, tendo como eixo norteador as questões que envolveram as artes de curar desde o século XVI, os movimentos em torno das práticas e dos saberes elaborados pela medicina e pela saúde pública, indo além de seus campos de atuação e chegando até a própria institucionalização do Estado imperial e republicano”, escreve Mota. Acesse a resenha aqui.

Acesso livre a livros da Coleção História e Saúde

Você sabia que vários livros da Editora Fiocruz têm acesso livre no SciELO Books? Só na coleção História e Saúde, coordenada por Gilberto Hochman, da COC/Fiocruz, são nove no momento, e até o final de outubro outros títulos serão disponibilizados gratuitamente. Veja os livros que você pode baixar gratuitamente. Acesse já!

A Ciência como Profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935)
Autoria: Dominichi Miranda de Sá (2006. 216 pg)
O livro aborda o processo de especialização da atividade intelectual no Brasil durante as três primeiras décadas do século XIX, ao mesmo tempo em que analisa a emergência do 'cientista' nesse processo, no qual já se anunciava o divórcio entre as 'humanidades' e as 'ciências duras'. Em acesso livre no SciELO Livros.

Cuidar, Controlar, Curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe
Autoria: Gilberto Hochman, Diego Armus (1ª edição: 2004, 568 pg)
Traz um conjunto variado de ensaios representativos das atuais - e diversas - tendências historiográficas a respeito dos discursos e das práticas sociais que, em diferentes cenários latino-americanos e caribenhos, organizaram-se em torno de questões relativas à saúde e à doença. A intenção é pôr em evidência aspectos relevantes da experiência histórica dos países quanto a ações individuais e coletivas relacionadas à manutenção e à restauração da saúde, bem como ao cuidado, ao controle e à cura das doenças. A preferência pelo local e pelo específico não visa à mitificação das práticas culturais, pois, nas abordagens aqui desenvolvidas, os eventos históricos alcançam significado num quadro de referência mais amplo. Assim, os temas da saúde e da doença se entrelaçam com outras realidades coetâneas: penetração e avanço de formas capitalistas, mudanças do perfil demográfico e acelerada urbanização, formação material e simbólica dos estados nacionais, dinâmicas socioprofissionais, dentre outros. Os artigos selecionados apresentam o que há de melhor nas análises históricas sobre saúde e doença em nossas regiões, e certamente são, desde já, leitura obrigatória para profissionais, professores e estudantes das áreas de saúde coletiva, história, medicina, ciências sociais e humanidades. Em acesso livre no SciELO Livros.

Doença de Chagas, Doença do Brasil: ciência, saúde e nação, 1909 – 1962
Autoria: Simone Petraglia Kropf (2009, 600 pg)
Ainda hoje estima-se que na América Latina aproximadamente 13 milhões de pessoas desconheçam estarem infectadas e sobrevivendo com o vetor da doença de Chagas, de acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras. Embora o Brasil tenha sido considerado livre da transmissão pela principal espécie de vetor em 2006, pela OMS, é importante que novas gerações de estudantes das áreas da saúde coletiva possam conhecer o processo histórico e o percurso pelo qual a descoberta científica pôde ser identificada, reconhecida e legitimada pela comunidade médico-científica como 'doença'. O livro em questão analisa o processo de transformação da doença de Chagas em 'doença' e reconstrói a trajetória de Carlos Chagas e seus estudos sobre a enfermidade. Tem por objetivo, nas palavras da autora, “refletir sobre a dimensão histórica e social desse processo, no qual este fato científico foi sendo produzido e validado em estreita relação com vários grupos e esferas da vida social brasileira”. A obra conjuga história social da medicina, história social da ciência e do pensamento social brasileiro, uma vez que a própria caracterização da doença de Chagas foi, ao longo de boa parte do século XX, associada à imagem do Brasil. Em acesso livre no SciELO Livros.

A Erradicação do Aedes aegypti: febre amarela, Fred Soper e saúde pública nas Américas (1918-1968)
Autoria: Rodrigo Cesar da Silva Magalhães (2016, 420 pg)
Onze países e territórios das Américas, inclusive o Brasil, foram declarados oficialmente livres do mosquito Aedes aegypti durante a XV Conferência Sanitária Pan-Americana, realizada em Porto Rico no ano de 1958. Este evento faz parte de um importante capítulo da história da saúde que nos conta o autor deste livro, ao analisar o período compreendido entre 1918 e 1968. Em 1918 tinha início a Campanha Mundial de Erradicação da Febre Amarela, conduzida pela Fundação Rockefeller. Em 1968 terminava a Campanha Continental para a Erradicação do Aedes aegypti, lançada em 1947 sob os auspícios da Organização Sanitária Pan-Americana (OSP), hoje conhecida pelo nome de Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A segunda campanha dava continuidade à primeira, mas em um contexto internacional renovado. Estava sendo construído "um novo padrão de relacionamento das organizações internacionais e do governo norte-americano com os países da América Latina, especialmente o Brasil, com maior preponderância destes". Se, nas primeiras décadas do século XX, as repúblicas americanas mantinham poucos contatos diplomáticos e quase nenhum diálogo em áreas como política e economia, elas começaram a estreitar suas relações no âmbito da cooperação em saúde. Portanto, a reformulação da campanha e seu relançamento "resultaram de uma articulação inédita das repúblicas americanas para combater conjuntamente um problema sanitário que afetava todas elas", afirma Rodrigo Cesar. Em acesso livre no SciELO Livros.

A Gripe Espanhola na Bahia: saúde, política e medicina em tempos de epidemia
Autoria: Christiane Maria Cruz de Souza (2009, 372 pg, coedição com a EDUFBA)
A forma como políticos, médicos, farmacêuticos e a população da Bahia se posicionaram diante da desconhecida doença que vitimou cerca de 30 milhões de pessoas nos anos de 1918/19, estrutura o livro. Nele são analisados os diversos aspectos relacionados à gripe que matou o presidente Rodrigues Alves, em janeiro de 1919, antes mesmo de tomar posse. A autora produziu “um belo e inédito mosaico”, tomando por base fontes documentais as mais diversas para fundamentar a pesquisa sobre o enfrentamento do vírus influenza. Gilberto Hochman, pesquisador da COC/Fiocruz e autor do prefácio do livro, exalta “o delicado artesanato” na produção da narrativa que provoca o interesse, a surpresa e até mesmo a compaixão pelos que sofrem nos tempos de epidemia. A obra permite compreender especificidades locais da chamada República Velha na Bahia, além de possibilitar estabelecer comparações da epidemia em perspectiva global, tornando-se importante fonte de pesquisa, ainda mais neste atual momento em que a pandemia pelo vírus da influenza A (H1N1) começa a perder força no hemisfério sul, mas persiste a possibilidade de futura ocorrência de novo repique. Em acesso livre no SciELO Livros.

A Recepção do Darwinismo no Brasil
Autoria: Heloísa Maria Bertol Domingues, Magali Romero Sá, Thomas Glick (2003, 192 pg)
Os artigos aqui reunidos iniciam um debate que aprofunda a história sobre a recepção da teoria de Darwin que repercutiu nos mais diversos campos científicos, orientando-os, desde a segunda metade do século XIX e no século XX. Particularmente, preocupa-se em retratar como o Brasil viveu o debate em torno do tema e deu a sua contribuição, apesar das controvérsias que estimularam a discussão nos meios intelectuais. A partir das controvérsias e das discussões acerca do darwinismo, os trabalhos desta coletânea procuram deixar claro como a teoria darwinista contribuiu para a criação de argumentos ideológicos nos mais diversos campos do saber, sendo muito comum a confusão entre darwinismo e evolucionismo, o que minimizou a oposição a Darwin, levando a classificar opositores da teoria da seleção das espécies, de darwinistas. Embora buscando sublinhar esta diferença, o conceito de darwinismo, utilizado pelos autores neste livro, não é único. Porém, como bem mostram os artigos, talvez, mesmo em razão desta confusão de idéias, a recepção de Darwin no Brasil foi menos problemática do que o foi na maioria de outros países, principalmente nos países assentados nos pilares do catolicismo. Em acesso livre no SciELO Livros.

Textos Hipocráticos: o doente, o médico e a doença
Autoria: Henrique F. Cairus, Wilson A. Ribeiro Jr. (1ª reimpressão: 2013, 1ª edição: 2005, 252 pg)
A obra apresenta, pela primeira vez e na íntegra, alguns dos mais importantes tratados recolhidos sob o nome de Hipócrates na coleção de textos gregos chamada de Corpus Hippocraticum. Os tratados escolhidos apresentam importantes conceitos e preceitos desenvolvidos há mais de dois milênios e que, até hoje, estão presentes na prática médica ocidental. O leitor encontra textos sobre a importância da medicina hipocrática, tratados deontológicos, que estabeleceram os alicerces práticos da ética médica, e sobre o universo da prática médica antiga. Em acesso livre no SciELO Livros.

Vírus, Mosquitos e Modernidade: a febre amarela no Brasil entre ciência e política
Autoria: Ilana Löwy (2006, 428 pg)
A autora não se limita a apresentar a história da febre amarela no Brasil, mas uma reflexão sobre uma fase crucial da história da doença. Para melhor ilustrar essa reflexão, o livro mostra sucessivos cenários que permitem demonstrar as dimensões da transferência de conhecimentos e práticas científicas entre ‘centro’ e ‘periferia’, pois era de fato importante examinar as relações entre o saber científico universal e a percepção da doença tanto pelos pacientes quanto pelos médicos. Em acesso livre no SciELO Livros.

Visões do Feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX
Autoria: Ana Paula Vosne Martins (2004, 288 pg)
Enfoca, ao mesmo tempo, o nascimento de duas especialidades da medicina (a obstetrícia e a ginecologia) aborda, assim como o surgimento de todo um discurso que pretendia conhecer a natureza feminina. Quando o corpo feminino passa a ser um objeto de estudo e quando o discurso médico-científico passa a discursar sobre este corpo, a medicina também se torna responsável pela construção de muitos mitos ainda hoje presentes no imaginário ocidental acerca da mulher. Desse modo, trabalhando não só com o discurso médico europeu, mas também com trabalhos diversos de renomados intelectuais brasileiros acerca do corpo feminino, Ana Paula Vosne Martins revela diferentes representações construídas sobre a mulher ao longo dos séculos XIX e XX. Em acesso livre no SciELO Livros.

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