Fiocruz assina acordo de cooperação global contra zika

15/02/2016
Agência Fiocruz de Notícias | Foto: Peter Ilicciev

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e mais 32 revistas científicas, ONGs, fundos e institutos de pesquisa assinaram, no dia 10/2, uma declaração conjunta na qual se comprometem a compartilhar, de forma rápida e aberta, dados e resultados relevantes de pesquisas que possam ajudar na crise ocasionada pelo Zika Vírus e em outras emergências de saúde pública. O objetivo da iniciativa é garantir que qualquer informação de valor para a saúde pública seja disponibilizada gratuitamente e o mais rápido possível para a comunidade internacional, sem impedir pesquisadores de, posteriormente, publicar os dados apresentados em seus artigos. A expectativa é que outras instituições também passem a aderir à causa nas próximas semanas.

Para a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, "é fundamental a Fiocruz e outras instituições serem signatárias deste acordo que, no caso da pesquisa sobre zika, altera o padrão da comunicação científica, com a publicação mais rápida e a gratuidade em periódicos que usualmente requerem pagamento dos autores. Estamos diante de uma grave crise sanitária reconhecida mundialmente: já obtivemos algumas evidências científicas, mas ainda há muitas perguntas sem resposta, que demandam uma ação intensa por parte das instituições de pesquisa”. Ela lembra que o acordo inclui a divulgação de notas de pesquisa ou dados de estudos em desenvolvimento. "Isso é coerente com a gravidade da situação que está mobilizando não só a comunidade científica nacional e internacional, mas também a sociedade”.

De acordo com Nísia, esse acordo também é favorável à Política de Acesso Aberto promovida pela Fiocruz. “A assinatura do acordo também contribui para o debate, ainda incipiente, que aponta a necessidade de compartilhar os dados de pesquisa e não apenas os artigos científicos, o produto final das investigações. O apoio de instituições e periódicos de pesquisa internacionais a esse acordo é um passo importante para essa discussão. Esperamos que mais instituições brasileiras possam aderir”, afirmou.

Para as instituições signatárias, a partilha de informações com a pré-publicação de dados e/ou resultados durante emergências de saúde pública deve se tornar a norma global. Cientistas em todo o mundo têm feito esforços para desenvolver uma vacina contra o Zika e conhecer melhor o vírus.

Na quinta-feira (11/2), o ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou que especialistas dos EUA iniciariam o trabalho de desenvolvimento de uma vacina contra o Zika em parceria com o Brasil. 

Confira abaixo a declaração na íntegra (tradução livre) ou leia o texto original.

 

Declaração sobre o compartilhamento de dados em emergências de saúde pública:

Os argumentos para o compartilhamento de dados, e as consequências de não realizar, têm sido colocados em grande destaque devido aos surtos de ebola e zika.

No âmbito de uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, é imperativo que todos os envolvidos tornem disponíveis quaisquer informações que possam ter valor no combate à crise.

Estamos comprometidos a trabalhar em parceria para garantir que a resposta global a situações de emergência de saúde pública seja nutrida pelos melhores dados e evidências de pesquisa disponíveis, tais como:

- Os periódicos signatários tornarão o acesso livre para todo o conteúdo relativo ao vírus zika. Quaisquer dados ou pré-impressões divulgadas sem restrição antes da submissão de qualquer artigo não impedirão a publicação deste em periódicos.  

- Os signatários representantes de fundos financiadores irão exigir que pesquisadores que estão desenvolvendo trabalhos relevantes para emergências de saúde pública definam mecanismos de compartilhamento rápido e o mais aberto possível de dados intermediários e finais com qualidade assegurada, sobretudo, com a saúde pública, as comunidades de pesquisa e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Convocamos outras instituições a firmarem os mesmos compromissos.

Este compromisso está de acordo com consultoria especializada sobre compartilhamento de dados que foi realizada pela OMS no ano passado na qual é esperado que pesquisadores e especialistas partilhem dados na primeira oportunidade, uma vez que estes estiverem adequados para a divulgação e seguindo quaisquer medidas de segurança relativas a proteção de participantes ou pacientes.   

Assinam a declaração:
  • Academy of Medical Sciences, UK
  • Bill and Melinda Gates Foundation
  • Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC)
  • The British Medical Journal (BMJ)
  • Bulletin of the World Health Organization
  • Canadian Institutes of Health Research
  • The Centers for Disease Control and Prevention
  • Chinese Academy of Sciences
  • Chinese Centre for Disease Control and Prevention
  • The Department of Biotechnology, Government of India
  • The Department for International Development (DFID)
  • Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG)
  • eLife
  • The Economic and Social Research Council (ESRC)
  • F1000
  • Fondation Mérieux
  • Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
  • The Institut Pasteur
  • Japan Agency for Medical Research and Development (AMED)
  • The JAMA Network
  • The Lancet
  • Médecins Sans Frontières/Doctors Without Borders (MSF)
  • National Academy of Medicine
  • National Institutes of Health, USA
  • National Science Foundation, USA
  • The New England Journal of Medicine (NEJM)
  • PLOS
  • Science Journals
  • South African Medical Research Council
  • Springer Nature
  • UK Medical Research Council
  • Wellcome Trust
  • The Netherlands Organisation for Health Research and Development (ZonMw)
     
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