20 de novembro

19/11/2021
Portal de Periódicos Fiocruz

O dia 20 de novembro é marcado, todo ano, pelo histórico Dia da Consciência Negra. É uma data que trata de desigualdades raciais, violências e racismo, de forma a pontuar as dificuldades enfrentadas durante todo o ano pela população negra - dificuldades estas reafirmadas pela pandemia de Covid-19.

Este ano, o Portal de Periódicos Fiocruz seleciona quatro leituras de artigos científicos publicados em 2021 em revistas editadas pela Fiocruz. Além disso, também recupera conteúdos de anos anteriores trabalhados pelo Portal na data, para pontuar a importância do tema. Acesse, na íntegra:

 

2021 | SELEÇÃO DE ARTIGOS 

  • Ausência de raça e gênero no enfrentamento da pandemia no Brasil
    Discute a ausência dos quesitos cor/raça e gênero nos boletins epidemiológicos da Covid-19 e como essa omissão está articulada ao modo como se operacionaliza o racismo no Brasil. Coloca-se em evidência a apropriação da identidade racial e de gênero por alguns estados brasileiros que ganharam visibilidade midiática, como sendo solidários, ao iniciarem a campanha de vacinação com mulheres negras, grupo social mais vulnerável. É o jogo da dissimulação, em que se evidencia a raça/gênero na aparência, embora essas variáveis não sejam consideradas no enfrentamento da pandemia.
     
  • Racismo cotidiano na política brasileira: xingamentos e ameaças contra a parlamentar negra Talíria Petrone e seu significado na herança colonial
    As ameaças e xingamentos racistas direcionados à parlamentar Talíria Petrone, no exercício do seu mandato, expressam a especificidade dos riscos de adoecimento e morte que as mulheres negras enfrentam na política institucional. Partindo do reconhecimento desse fenômeno como uma realidade traumática, como demonstra Kilomba, analisamos os episódios de racismo cotidiano (idem), numa perspectiva interseccional, a partir de uma publicação da deputada no Instagram, e seu significado dentro da herança colonial escravagista brasileira.
     
  • A interseção entre raça/cor e gênero, tabagismo e consumo excessivo de álcool: uma análise transversal da Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013
    O estudo teve como objetivo investigar se as interseções de identidades definidas por raça/cor e gênero estão associadas ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool em uma amostra representativa de adultos brasileiros. Este foi um estudo transversal com 48.234 participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. Os resultados revelam diferenças no hábito de fumar e no consumo excessivo de álcool quando as categorias de interseções foram comparadas a análises tradicionais.
     
  • Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis, Sul do Brasil
    Este estudo investigou como a interação entre os eixos de marginalização raça/cor, gênero, escolaridade e discriminação interpessoal afeta distintas dimensões da qualidade de vida de indivíduos adultos. Análises de mediação demonstraram que 29,6% do efeito da interseccção entre escolaridade e gênero sobre o domínio psicológico e 4,3% do efeito da intersecção entre raça/cor e gênero sobre o domínio social foram mediados pela discriminação interpessoal. Os resultados confirmam as hipóteses do estudo, apontando a importância e a contribuição da análise interseccional para a investigação das iniquidades na qualidade de vida.

 

2020 | CIÊNCIA COMO CAMPO DE RESISTÊNCIA AO RACISMO

Racismo. Desigualdade. Vulnerabilidade. Violência. Mortes. Para enfrentar o negacionismo sobre as condições de vida e saúde da população negra, torna-se cada vez mais necessário debater, de forma qualificada, por que ela está entre as mais atingidas. A pandemia do novo coronavírus é exemplar, neste sentido: figura como uma espécie de "colonialidade moderna", em que a morte está sempre no horizonte de populações racializadas. Estudos apontam que pessoas negras têm mais risco de morrer devido à Covid-19 do que as brancas. A influência de determinantes sociais em saúde não é nova no Brasil. O mesmo aconteceu durante a maior epidemia de cólera no país, para citar apenas um dos muitos contextos em que a história se repete. [Leia mais]

 

2019 | VIOLÊNCIA CONTRA NEGROS NO BRASIL: PESQUISAS MOSTRAM QUE DESIGUALDADE RACIAL É LETAL

Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentam dados de como a desigualdade racial é letal: as taxas de homicídios de negros, principalmente os jovens, são altas e preocupantes. O tema é debatido no Canal Saúde, por pesquisadores e educadores. Por trás das estatísticas alarmantes, há uma realidade mais do que dolorosa, que causa adoecimento, sobretudo de mulheres negras de periferias urbanas, que perderam seus filhos para a violência de Estado. Os dados do IBGE indicam que a violência relacionada à raça é ainda mais acentuada na população jovem. A taxa de homicídios chega a 98,5 entre pessoas pretas ou pardas de 15 a 29 anos. Entre jovens brancos na mesma faixa etária, a taxa de homicídios é de 34 por 100 mil habitantes. [Leia mais]

 

2018 | CONSCIÊNCIA NEGRA

Reconhecer a identidade de um povo importa: valorizar suas origens, heranças, história, cultura, saberes. E, claro, possibilitar que exerçam plenamente seus direitos é fundamental numa sociedade democrática. E o Brasil ainda está em dívida com povos e comunidades tradicionais como os quilombolas – "grupos étnico-raciais segundo critérios de autoatribuição, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”. A fim de preencher esta lacuna, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA/ONU) e o IBGE têm trabalhado na sistematização de uma metodologia para incorporar dados relacionados a essas comunidades em todo o país no Censo 2020[Leia mais]

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