Editor da Revista Brasileira de História (RBH), da Associação Nacional de História (Anpuh), de julho de 2019 a julho de 2021, o historiador Valdei Araujo enfrentou, durante sua gestão editorial, a soma dos impactos da pandemia de covid-19, de um governo negacionista da ciência e da história e dos cortes de financiamento à publicação científica.
Atual presidente da Anpuh (2021-2023) e professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ele conta, em entrevista ao Blog de HCS-Manguinhos, que, apesar de um ligeiro crescimento no número total de submissões de artigos durante a pandemia, houve retração no eixo Sudeste e Sul e aumento da participação do Norte e Nordeste. Já as mulheres, apesar do número de doutoras, submeteram e publicaram menos, o que, segundo ele, pode ser um sintoma da assimetria de gênero na vida acadêmica evidenciado no contexto de pandemia.
Além de comentar o cenário das publicações acadêmicas, no qual os preprints e periódicos predatórios têm dado o que falar, Araujo também aborda o trabalho do historiador diante do negacionismo histórico e científico, das fake news, da disseminação do descrédito aos especialistas e da crise democrática que levou a um maior engajamento da historiografia com os problemas do presente e da comunicação do meio acadêmico com a sociedade civil organizada e o sistema político. Ele destaca, por exemplo, a importância histórica das investigações da CPI da Covid, cujas provas foram buscadas com embasamento científico. Boa leitura!
Blog de HCS-Manguinhos: A pandemia trouxe grandes dificuldades aos periódicos científicos. Como foi o impacto sobre a RBH?
Valdei Araujo: Um saldo positivo do lockdown da pandemia foi a digitalização e o maior acesso à infraestrutura tecnológica que permitiu que uma revista como a RBH ocupasse de maneira mais regular as redes sociais. Fizemos uma série de ações de divulgação científica e eventos de âmbito nacional e mesmo internacional usando essa infraestrutura que a pandemia acelerou a disponibilização. Não sabemos ainda o custo que isso terá, mas a conta virá muito rapidamente e impactará também nas revistas científicas. Serviços que até então eram gratuitos já começam a produzir restrições. Ao mesmo tempo – e aí não tem a ver apenas com a pandemia – o governo negacionista e antidemocrático de Jair Bolsonaro praticamente zerou qualquer financiamento à publicação científica no Brasil. Então houve um impacto enorme na RBH. A nossa Associação Nacional de História assumiu integralmente os custos de produção da revista, que são custos altos, embora a revista no geral, pela importância que ela tem, seja barata. Cada número da RBH custa em torno de treze mil reais, sem embutir os custos de recursos humanos, que são paralelos. Publicamos três números por ano, então no último biênio o custo foi integralmente coberto pelo valor das contribuições anuais dos nossos sócios. Esse impacto foi muito ruim em outras revistas pelo Brasil inteiro. Algumas revistas acadêmicas têm desaparecido, e outras não têm conseguido fazer frente a esse desfinanciamento. A gente vive um dos momentos mais dramáticos na vida de um periódico científico.
Observaram diferenças na quantidade de submissões de artigos?
Até por esse esforço maior de divulgação nas redes sociais, houve um ligeiro aumento da submissão. É uma conquista importante nesses dois anos de gestão como editor (2019-2021). Notamos uma distribuição melhor no território nacional. Uma demanda muito grande da comunidade fica superconcentrada no Sul e Sudeste, e nós tivemos uma participação muito grande do Nordesde e do Norte na submissão e publicação de artigos, mas percebemos – e aí precisamos de mais estudos ainda – uma menor participação de mulheres publicando do que o número de mulheres doutoras na Associação. Na reunião nacional que aconteceu em julho, especulei que isso já pudesse ser um sintoma das assimetrias de gênero nos impactos da pandemia na produção científica. Diversos pesquisadores e pesquisadoras têm apontado isso e pode ser que se aprofunde nos próximos anos, mas talvez consigamos reverter, porque já tem muito debate sobre tudo isso. É algo que temos que falar com muito cuidado ainda, mas foi notado.
Vão investigar a respeito?
Sim, a nova editora da revista, Andreia Slemian, professora da Unifesp, já assumiu junto com membros do novo Conselho Editorial que uma das primeiras tarefas será traçar uma série histórica da contribuição de autores para que se possa dimensionar melhor. O que fiz na última gestão foi pela primeira vez comparar os números de autoras que efetivamente publicaram na revista com o número de associadas doutoras, mas não comparamos com o número de submissões. A RBH só publica autores com título de doutorado. Chegamos a um valor de aproximadamente de 42%, mas entre os números de associados temos uma equidade, em torno 50%. No número de autores publicáveis tivemos uma sub-representação, mas só temos esse levantamento no último biênio.
E em relação ao viés temático, a pandemia interferiu nas submissões? Chegaram temas ou abordagens diferentes?
Acho que ainda é cedo para fazermos uma avaliação desse tipo. O que percebemos foi um aumento de artigos de história da saúde, da doença, e de história da ciência de maneira geral, mas temos que entender ainda o porquê. Temos seções livres, mas vários números são dossiês. O primeiro dossiê que já estava fechado era sobre rios amazônicos, a ocupação da Amazônia e um pouco de história social/ambiental. Tivemos também um dossiê sobre história antiga em perspectiva global e um dossiê sobre negacionismo, publicado em junho de 2021 – e nesse com certeza a pandemia atuou, porque quando tomamos a decisão de pautarmos o tema foi tendo em vista o negacionismo histórico, mas também o da ciência de modo geral. Organizamos um conjunto de ações de história pública no final de 2020 com diversas programações ao vivo tratando de aspectos distintos do negacionismo, inclusive o da pandemia e o negacionismo da covid. Isso com certeza afetou a construção final deste dossiê. Também agora fechamos um dossiê sobre relações étnico raciais e racismo, que teve uma procura e uma oferta bem grande de artigos sobre o tema. Embora tenhamos no passado alguns dossiês sobre escravidão, que é um tema clássico das pesquisas na área de história, parece que essa temática específica do racismo e das relações étnico-raciais estava sub-representada dentro da revista e havia uma crescente produção sobre o tema. Cabe ressaltar que as três organizadoras desse dossiê são mulheres, e esse dossiê aparentemente terá uma participação maior de mulheres, então talvez aquela assimetria citada antes já comece a se equilibrar um pouco com a publicação desse dossiê.
Como é fazer pesquisa em história durante a pandemia, sem acesso aos arquivos?
Mudou muita coisa. A busca de documentação inédita ou a consulta por documentação impressa ainda não digitalizada ou disponibilizada por meios digitais fez com que várias pesquisas fossem redimensionadas. Pesquisas de mestrado têm prazo de dois anos, então toda aquela expectativa do candidato e do discente de realizar a pesquisa teve que ser reorganizada, ou para se concentrar em documentação já publicada, que já se tem acesso, ou publicação digital. Não tenho dados, mas certamente a sensação que tenho é que ferramentas como a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional foram cada vez mais usadas. Isso acelera o uso de fontes digitais e a alfabetização digital. Era muito comum ainda em professores e pesquisadores das humanidades uma certa postura cética em relação as ferramentas digitais. Digo até por mim, que sou um cara trendy, gosto de tecnologia, de explorar essa dimensão, mas sempre achei que o vídeo, a edição de um vídeo, uma coisa extraordinária. E do dia para noite, estamos aqui fazendo esta entrevista em vídeo, que poderia ter sido feita por telefone, como algo bastante natural.
Como o mundo acadêmico tirou proveito das tecnologias online?
Um ponto positivo foi a colaboração de pesquisa. A sensação que tenho pela minha experiência é que as bancas se tornaram menos provincianas. É mais fácil você chamar agora para sua banca de mestrado/doutorado um colega que está no Nordeste, Norte, Centro-Oeste. Em cidades como Rio e São Paulo, que concentram muitos programas de pós, as bancas tendiam a ser muito endógenas. Era mais fácil e barato improvisar uma banca em cima da hora, chamar um colega que não precisa de passagem aérea, de estadia em hotel. Com a disponibilização dessas ferramentas digitais, temos chamado colegas de outros países. Então provavelmente agora é mais comum que colegas da América Latina, de Portugal, onde a dificuldade da língua não é tão grande, participem das bancas. Há aspectos positivos dessa aceleração tecnológica, mas há esse aspecto negativo da dificuldade de acesso às bibliotecas, pois nem tudo está de fácil acesso, e isso prejudicou bastante. E por fim, vários colegas têm destacado que houve um interesse reanimado, mais forte, pela história do tempo presente.
Pode falar mais sobre esse boom da história do tempo presente?
Diz-se que agora todo mundo faz história do tempo presente, porque é um campo específico da investigação, tem suas teorias, métodos, mas os fenômenos do cotidiano, do dia a dia, se tornaram mais urgentes para a investigação do historiador e da historiadora. Aquilo que antes parecia ser apenas um campo de especialização, se tornou um grande laboratório para muitos historiadores, que talvez impossibilitados de ir ao arquivo frente a uma situação que não era somente uma pandemia, mas de grande crise política e da democracia, se sentiram mais convocados a falar sobre seu tempo presente, a falar sobre essa crise. É mais comum agora vermos colegas escrevendo para portais, em jornais, ou publicando artigos investigando a pandemia, a crise democrática, o governo de Jair Bolsonaro, os fenômenos digitais. Isso certamente tem que ser quantificado, mas já é muito visível. Eu mesmo interrompi uma pesquisa que ia tratar de século XIX para tratar dos últimos dois, três anos, de fenômenos mais cotidianos, o que temos chamado de atualismo. Acho que um número grande de colegas fez essa mudança de enfoque.
Qual é a responsabilidade dos historiadores em relação ao negacionismo nos tempos de hoje, que além de negar a história, nega a ciência como um todo?
Esse é um fenômeno muito complexo. Muitos colegas tem escrito sobre isso, eu também tenho vários textos com o Mateus Pereira e outros colegas, tentando se aproximar do fenômeno. Parece um daqueles fenômenos subterrâneos que vão crescendo de modo latente, sem que a gente se dê conta, que fica no tema do pitoresco, de algo que não vai nos ameaçar, e do dia para noite aquele tsunami parece que vai invadindo a realidade e a gente precisa tomar conhecimento talvez até de modo tardio de que ele já está plenamente instalado. Acho que o negacionismo contemporâneo, por mais que pareça que surge com o mandato do Trump, com a ascensão relativamente recente da nova direita, é algo que está sendo gestado há muito tempo. As forças sociais, cuja ação de minar, de prejudicar as estruturas que impediam que o negacionismo ganhasse a dimensão que ele acabou ganhando, é um processo muito longo que vem dos anos 1960, 1970, de confusão entre religião, política, entretenimento e negócios, de uma destruição lenta da autoridade do especialista. Por trás do negacionismo tem esse descrédito do especialista, uma construção de uma espécie de ódio ao especialista que foi sendo produzida, que leva à “Escola sem partido”, no caso do historiador e historiadora.
Mas também a chamada história “politicamente incorreta” – inclusive lamentei nas minhas redes sociais que a Folha de São Paulo voltasse a contatar Leandro Narloch como seu articulista semanal, porque ele desde o final dos anos 1990, quando ele lança essa franquia de “história politicamente incorreta”, ele está na verdade participando de um movimento internacional de descrédito do especialista, porque o gancho principal do trabalho do Narloch é: “O historiador, o professor de história, na verdade quer te enganar. Eu vou contar a história verdadeira para você.” E essa suposta “história verdadeira” de autores como Narloch pode estar sustentada em falsificação, em pirataria de pesquisa alheia, em preconceitos sociais. É muito fácil vender livros se você reforça preconceitos que já estão distribuídos socialmente. É um processo muito longo que temos cada vez mais estudado, mas não dá para fazer só pesquisa. Aí entra a importância de uma associação como a Anpuh. Já estamos fazendo ações concretas de enfrentamento desse descrédito do especialista, da destruição de instituições que regulam a circulação do conhecimento. É uma ação em múltiplas frentes e talvez não tenha ação mais prioritária no momento do que essa, de combate aos negacionismos. Os especialistas precisam voltar a ocupar um lugar destaque no debate público nas sociedades democráticas.
E como se poderia furar essas bolhas de desinformação?
Acho que o reforço da autoridade do especialista passa por repensar a própria especialidade, o excesso de especialização que é incontornável, mas não podemos gastar toda a energia apenas na produção de conhecimento especializado. As universidades e institutos de pesquisa precisam também direcionar recursos humanos e financeiros para a divulgação da ciência para o estabelecimento de um diálogo com a sociedade civil, com a construção de uma linguagem própria para a comunicação da ciência, para o acolhimento dessas narrativas sobre a ciência, sobre a história, que são socialmente produzidas e que não são necessariamente negacionistas. Existem muitas histórias produzidas de baixo para cima que são também emancipatórias, que são produzidas por movimentos sociais, por coletivos, por mulheres, por negros e que não têm espaço suficiente dentro da história especializada, da ciência especializada. É preciso ouvir, qualificar, se colocar a serviço dessas histórias, mas é preciso também agir politicamente para punir os negacionistas, os falsificadores, para reforçar as instituições de ciência.
Há uma tarefa aí para o Judiciário e para o Legislativo, que precisa aprimorar as leis que garantam a nossa privacidade. As bolhas são produzidas por algoritmos, por empresas que colocam o lucro à frente do interesse social. Por que há tanta radicalização, tanta desinformação? Porque não conseguimos fazer que empresas como Facebook, como Twitter, Youtube ou o Tiktok, que é uma empresa chinesa, tenham comportamento socialmente mais responsável, e isso passa por legislação e conscientização social. Nosso trabalho também é de pesquisar para entender como essas bolhas de radicalização e desinformação são produzidas para explicar à sociedade o que está acontecendo. O que precisa ser feito, enquanto especialistas, é se comunicar com a sociedade, com o sistema político, com a sociedade civil organizada. O historiador, o cientista, precisa conversar com a OAB, com a ABI, o Parlamento, e tornar visíveis os ataques às estruturas da democracia que vêm das grandes corporações, de grupos políticos organizados. Acho que a CPI da covid está expondo abundantemente como empresários financiaram a desinformação para ganhar dinheiro com ela.
O negacionismo na área da saúde, por exemplo, num momento de pandemia, pode ser considerado um negacionismo genocida?
Não tenho dúvida. Tenho acompanhado diariamente a CPI da covid e acho que ela tem prestado um serviço incrível à sociedade brasileira na medida em que um tempo, que eu gosto de chamar, junto com Mateus Pereira, de “atualista”, em que parece que tudo depende de você estar atualizado num fluxo de notícias muito rápido. É como se a realidade parecesse um Twitter, você tem que estar ali para ver acontecendo. A CPI mostra que não, que a história existe, deixa marcas e que aquilo que você faz de errado hoje, não necessariamente vai ser soterrado pelas fake news de amanhã, e você pode sim ser chamado à responsabilidade. Aqueles que juntaram seus interesses de negócios e ideológicos e promoveram desinformação achando que tudo se perderia nessa nuvem de notícias falsas, nessa nuvem de fumaça constante, acharam que sairiam impunes, que fariam negociatas, divulgariam ciência falsa, que agiriam como curandeiros e que tudo cairia no esquecimento e na impunidade, agora estão diante de uma CPI que questiona: “O que vocês fizeram no verão passado? Onde estão os documentos?”
Aqui não é só um conflito de narrativas, temos como produzir evidências. A CPI é um grande exemplo de como as competências dos especialistas, seja do direito, da história, da ciência social, podem estar a serviço das políticas públicas. O que os senadores estão fazendo ali está ancorado numa equipe gigante de especialistas que estão investigando, estabelecendo esse passado recente que parece tão soterrado pela desinformação. Pensamos que nunca mais iremos recuperar aquele Twitter que alguém apagou, mas conseguimos recuperar sim! Ainda se deixam vestígios, ainda se é possível se cobrar responsabilidades. Uma das coisas mais importantes da nossa história atual é o fato de a CPI ter parado o carro das notícias constantes para falar sobre o passado. Por que chegamos a mais de 600 mil mortes? Isso pode ser explicado, podemos buscar responsabilidades, que, na minha opinião, foram ações genocidiárias. Foram ações que, no mínimo, foram indiferentes com os efeitos sobre a vida de uma parte excluída da população, pois essas pessoas sabiam que as vítimas preferencias seriam os pobres, os negros, as mulheres que precisavam sair de casa para trabalhar, pegar ônibus cheio, a pessoa simples, que acredita na desinformação passada pelo pastor e acabou se contaminando e morrendo com covid, vítima desse circuito de mentiras… Não tenho dúvidas que o que a CPI está revelando são práticas genocidiárias.
Poderia tentar traçar um panorama dos periódicos científicos da área de história para os próximos dois anos?
Acho que serão dois anos de muita dificuldade. A perda de financiamento ano a ano continua agonizando, e temos mais pelo menos um ano de governo Bolsonaro e sem nenhuma expectativa que esse financiamento retorne, embora a comunidade científica esteja se organizando. Uma ideia que veio do Forum de Editores por sugestão do colega Aldrin Castellucci, da Bahia, é a possibilidade de se buscar uma emenda parlamentar para se refinanciar os editais da CNPq e da Capes, o que seria muito importante, mas depende de muita mobilização da comunidade. Serão dois anos muito difíceis, mas os periódicos têm demonstrado sua relevância e como eles são plataformas importantes nessa reconstrução do lugar do especialista na sociedade contemporânea. Para a informação e para a desinformação, os periódicos foram usados.
Como assim, periódicos usados para desinformação?
Para a desinformação, ou foram usados periódicos levianos, ou periódicos foram usados de maneira leviana, com algumas práticas como preprint. Muito da desinformação da covid circulou em preprints em periódicos predatórios ou até em bons periódicos, mas circulando como sendo conhecimento estabelecido. A gente precisa pensar sobre a responsabilidade das revistas sobre a circulação desse conhecimento. Além dessa ideia da renovação da importância do trabalho editorial, há uma necessária busca de ações de divulgação científica e de ações história pública acopladas aos periódicos científicos. É difícil falar disso num momento de crise de financiamento, mas uma revista científica hoje não pode ignorar a necessária atuação na divulgação científica e na história pública, porque sem isso esse conhecimento perde relevância. A Anpuh estará à frente dessa luta.
Já existem ações nesse sentido?
Temos um conjunto grande de ações voltadas para essa fronteira da divulgação científica, da história pública, algumas já foram ao ar, outras irão ainda ao longo desse semestre. Uma das ações que nos orgulhamos muito é o apoio à Olimpíada Aberta de História, organizada pela professora Cristina Meneguello. Qualquer cidadão pode se inscrever. Acho uma forma importante de se acolher pessoas que caem no negacionismo, mas são motivadas por uma curiosidade científica autêntica. A Olimpíada vai ocorrer nos moldes da olímpiada escolar de história, envolvendo uma série de ações que as pessoas inscritas realizam a partir de temas históricos. A inscrição é baratíssima, custa cinco reais para qualquer cidadão e é gratuita para alunos de escola básica pública. A ideia é fazer uma série de disputas em torno de conhecimentos históricos, julgados por especialistas, professores de história, e ao final isso gerará uma divulgação e uma premiação. No passado o papel do especialista como difusor e da comunidade como receptora foi muito normalizado. A escola disciplinou essa expectativa de que professor era um difusor de conhecimento e ponto final. Hoje todo mundo se sente impelido a dar opinião, a produzir e circular a sua opinião, então o que nos cabe não é cercear essa circulação, mas qualificá-la, nos colocar a serviço da qualificação dessa opinião.
ARAUJO, Valdei. Pandemia e negacionismos: impactos e o papel dos periódicos. Entrevista ao Blog de HCS-Manguinhos, por Marina Lemle. Publicada em 24/10/2021. Acessível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/pandemia-e-negacionismos-impactos-...
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