O Dia 17 de maio é considerado o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. A data marca o momento em que a Organização Mundial de Saúde, em 1990, retira oficialmente a homossexualidade de sua lista de doenças. De acordo com dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, em 2022, foram registradas 273 mortes LGBT de forma violenta no país. Mesmo que no Brasil, desde 2019, a homofobia, bifobia e transfobia sejam enquadradas no crime de racismo como mostra o artigo do TJDFT.
O combate à violência, desprezo e ódio contra toda a comunidade LGBTQIAP+ deve ultrapassar datas e precisa do envolvimento de diferentes atores sociais, inclusive, claro, pessoas nas áreas científicas. Por isso, trouxemos como destaque o podcast Revozes de 2022 sobre travestis e transsexuais na ciência. Falando sobre combate à transfobia, o uso da educação como elemento-chave para superar dificuldades a partir dos próprios desafios e percursos, a professora e doutora, Luma Nogueira, primeira travesti Doutora do Brasil, conversou em 2022 com a equipe da Reciis no podcast Revozes intitulado ‘Travestis e transexuais nas ciências’ em que fala justamente sobre luta e resistência das travestis e transexuais na Academia e nas Ciências.
A Reciis também trouxe uma selecão de textos de dossiês especiais chamados “Dossiê 40 anos do movimento LGBT no Brasil: comunicação, saúde e direitos humanos” e “Dossiê 40 anos do movimento LGBT no Brasil: visibilidades e representações” de 2019, com temas contemporâneos para fortalecer o combate à homofobia, bifobia e transfobia.
Nos dossiês, a Reciss destaca o artigo “Do AZT à PrEP e à PEP: Aids, HIV, movimento LGBTI e jornalismo” dos autores Carlos Alberto Carvalho e José Henrique Pires Azevêdo. O texto alerta que existe “uma conexão complexa entre as relações engendradas no surgimento da síndrome, próxima aos primeiros passos do movimento LGBTI no Brasil, como a produção ambivalente de visibilidades, assim como a manutenção de preconceitos históricos que ainda reverberam no tecido social.” Um assunto que merece debate e consciência de toda a população.
Além disso, o artigo científico “Não tem essas pessoas especiais na minha área: saúde e invisibilidade das populações LGBT na perspectiva de agentes comunitários de saúde” dos autores Breno de Oliveira Ferreira, Edson Oliveira Pereira, Matheus Barbosa da Rocha, Elaine Ferreira do Nascimento, Ana Rayonara de Sousa Albuquerque, Maysa Milena e Silva Almeira e José Ivo dos Santos Pedrosa traz um trabalho que “coletou relatos, identificou problemas e questões e, consequentemente, por intermédio das percepções dos agentes comunitários de saúde, identificou as violências, negações e discriminações que vivenciam parcelas das populações LGBT nas unidades de saúde, espaços que deveriam oferecer cuidado equânime e integral”, mostrando que as unidades de saúde no país precisam repensar seus cuidados.
Já na nota de conjuntura “O movimento LGBTI no Brasil, reflexões prospectivas” o autor Sergio Carrara visa “contribuir para uma melhor compreensão do atual cenário político brasileiro que, em relação à diversidade sexual e de gênero, aparece marcado pelo paroxismo, pela polarização e por visíveis contradições”. O momento político destacado na nota fala sobre o paroxismo, a polarização e as visíveis contradições vividas no país.
O combate à homofobia, bifobia e transfobia deve ser feito também nas comunidades virtuais, como visto no artigo ”LGBTI+fobia virtual: notas sobre uma etnografia em comunidades virtuais no Facebook” dos autores Adriano da Silva, Kathie Njaine e Queiti Batista Moreira Oliveira. Ali, os autores sugerem que se pense na " importância de uma alfabetização digital da população, de modo a capacitá-la ao uso crítico e responsável desses ambientes digitais" algo que transcende a luta contra homofobia, transfobia e bifobia, mas que se faz necessário também neste combate.
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