Os autores traçam um paralelo histórico entre a identificação do primeiro caso de Aids no país, os avanços e conquistas ao longo do tempo com a criação do Programa Nacional contra a Aids e o reconhecimento do Brasil como modelo internacional para controle da doença. Por outro lado, refletem sobre o enfrentamento atual da Covid-19 no país, que, apesar de possuir as ferramentas para uma resposta efetiva contra a doença, tem demonstrado uma postura negacionista frente à realidade.
As lições do modelo brasileiro contra o HIV/Aids poderiam ser inspiração para ações contra a Covid-19, dizem os autores. Eles pontuam, no resumo do artigo, que a resposta do Brasil ao HIV/Aids foi coordenada por várias partes interessadas e reconheceu a importância da evidência científica na orientação da tomada de decisão.
Por outro lado, aponta o texto, a falta de uma estratégia central e o desalinhamento entre os ministérios do governo em relação à resposta à pandemia de Covid-19, juntamente com a negação de evidências científicas, promoção de tratamentos ineficazes e esforços de vacinação insuficientes, levaram à propagação descontrolada da infecção, o colapso quase total do sistema de saúde e excesso de morte.
Vacina contra o HIV: uma realidade possível?
Ainda não existe uma vacina contra o HIV, ao contrário da Covid-19, que já apresenta diversas opções viáveis e disponíveis para a vacinação da população.
No entanto, notícias recentes geram esperanças. Em fevereiro deste ano, durante uma conferência internacional sobre Aids, pesquisadores da Scripps Research e IAVI, uma organização sem fins lucrativos de pesquisa de vacinas, anunciaram resultados promissores em um estudo clínico de fase 1 realizado em humanos para testar uma nova estratégia de vacina contra o HIV. A doença, que surgiu no Brasil nos anos 80, ainda acomete parte da população brasileira, e gera discussões a respeito de tratamentos e controle epidemiológico.