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Igor Sacramento: uma voz inovadora na pesquisa de comunicação em saúde

Portal de Periódicos

No campo interdisciplinar da saúde coletiva, a voz do pesquisador Igor Sacramento, doutor em Comunicação e Cultura e figura proeminente no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), ecoa com originalidade e sensibilidade. Como editor da revista RECIIS, Sacramento não só influenciou a pauta acadêmica, mas também propôs um olhar inovador para as complexas intersecções entre comunicação, memória e saúde. Seus trabalhos mais recentes, frequentemente reunidos em dossiês que se tornam referências na área, revelam um autor que articula, com maestria, as dimensões simbólicas, afetivas e políticas da comunicação em saúde.

Confira dossiê disponível no site da RECIIS

Narrativas de Sofrimento: Do Individual ao Coletivo

Uma das marcas registradas do pensamento de Sacramento é sua profunda atenção ao valor epistêmico das narrativas de sofrimento. Em artigos como "Tornando a dor visível: o ethos terapêutico em narrativas testemunhais de celebridades sobre o câncer", ele vai além da mera denúncia de iniquidades. O pesquisador explora como testemunhos de pacientes, incluindo figuras públicas, se tornam poderosos instrumentos não apenas para expressar a dor, mas para construir novas formas de pertencimento e cuidado.

Sacramento concebe o "ethos terapêutico" como um dispositivo discursivo no qual o sofrimento individual, ao circular nos meios de comunicação, transcende a experiência pessoal. Ele se transforma em um conhecimento compartilhável e em uma força politicamente mobilizadora, capaz de engajar e conscientizar o público sobre questões de saúde.

Desinformação em Saúde: Afetos e Regimes de Verdade

No cenário atual, a desinformação em saúde representa um dos maiores desafios, intensificado pela pandemia de COVID-19. Diferentemente de abordagens que a reduzem a um "desvio informacional", Sacramento propõe uma compreensão mais profunda. Para ele, a desinformação é um fenômeno cultural complexo, firmemente ancorado em crenças, afetos e dispositivos de reconhecimento social.

O pesquisador argumenta que o combate eficaz à desinformação exige mais do que a mera correção factual. Requer escuta ativa, mediação e, fundamentalmente, uma compreensão das subjetividades que sustentam e legitimam essas narrativas equivocadas. Sua pesquisa joga luz sobre como boatos e cismas se propagam e se legitimam no ambiente digital, especialmente no contexto das sequelas da pandemia.

Arquivos Vivos e a Crítica Institucional

A originalidade de Igor Sacramento se manifesta também em sua abordagem sobre arquivos, memória e crítica institucional. Em trabalhos como "O estudo dos arquivos nas interfaces entre comunicação, história e saúde", ele propõe metodologias inovadoras para analisar como diferentes conteúdos – sejam boatos, depoimentos ou arquivos midiáticos – constroem sentido e legitimidade sob variados regimes de verdade. Para Sacramento, o arquivo não é um repositório inerte, mas um campo de disputas vivas sobre o que merece ser lembrado e como.

Sua produção se estende a uma reflexão crítica sobre as condições do fazer científico contemporâneo. No texto "O trabalho do editor científico: vocação, precarização e esgotamento", Sacramento não hesita em expor as tensões e o impacto do produtivismo acadêmico sobre a saúde mental daqueles que dedicam suas vidas a editar e publicar ciência, contribuindo para uma renovada epistemologia da ciência em saúde.

Uma Escrita que Conecta Sensibilidade e Política

Mais do que um pesquisador de objetos inusitados, Igor Sacramento é um autor que ousa tensionar as fronteiras disciplinares. Sua obra combina rigor teórico com um olhar profundamente humanista e crítico. Ele se recusa a dissociar o sofrimento da linguagem, ou o adoecimento da cultura, criando pontes sólidas entre campos tão diversos como comunicação, antropologia, filosofia política e saúde coletiva. Essa capacidade interdisciplinar abre caminho para novas perguntas e novos modos de pensar o cuidado, a escuta, a verdade e, em última instância, a saúde pública.

Em um momento de incertezas epistêmicas e intensa disputa de sentidos no espaço público, o pensamento de Igor Sacramento surge como um convite irrecusável à escuta, ao vínculo e à construção de uma ciência verdadeiramente comprometida com o comum. Sua produção não apenas informa, mas inspira uma reflexão profunda sobre o papel da comunicação na promoção de uma saúde mais equitativa e humana.

 

 

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