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CSP debate impactos da Covid-19 em comunidades indígenas e aborto inseguro neste fascículo

Por Clara Rosa Guimarães, jornalista de CSP

O Editorial de abril de CSP acende um alerta vermelho: a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos já está impactando profundamente a ciência, dentro e fora do país. “As perspectivas para o desenvolvimento da ciência nos Estados Unidos nos próximos anos, em particular na área da saúde, são sombrias”, afirma Kenneth Rochel de Camargo Jr., autor do texto. A nova administração tem promovido cortes orçamentários, censura ideológica e nomeações inadequadas para cargos estratégicos, desencadeando uma ofensiva contra instituições científicas, políticas de diversidade e saúde pública. 

Este fascículo também marca o lançamento do Espaço Temático Saúde Sexual e Juventude, que reúne estudos dedicados a analisar avanços, desafios e contradições nas políticas públicas voltadas para a saúde sexual de jovens. A seção oferece uma abordagem crítica e plural, discutindo como as práticas de cuidado em saúde têm considerado as múltiplas dimensões da juventude. Ao reunir experiências, análises e recomendações, os textos contribuem para o fortalecimento do campo da saúde coletiva e para a construção de políticas mais inclusivas e eficazes. 

Na seção Perspectivas, o artigo sobre resistência a antimicrobianos alerta para uma crise global que exige ação urgente e coordenada. Estima-se que, anualmente, 4,95 milhões de mortes estejam associadas à resistência bacteriana a antibióticos, afetando principalmente países de baixa e média renda. Em 2024, a ONU realizou sua segunda Reunião de Alto Nível sobre o tema, resultando em uma nova Declaração Política com metas como reduzir em 10% as mortes causadas por infecções resistentes até 2030. Os compromissos assumidos envolvem melhorar a governança, financiar inovação, ampliar o acesso a medicamentos e incentivar a produção local. 

Entre os destaques da edição está também o estudo Infecção por SARS-CoV-2 na comunidade indígena Pataxó do sul da Bahia, que analisa o impacto da segunda onda da COVID-19 nessa população. Apesar da vacinação, a transmissão do vírus persistiu, impulsionada por fatores como alta mobilidade e condições de trabalho precárias. O estudo revela que, embora as vacinas não tenham evitado infecções, ajudaram a reduzir a gravidade dos sintomas e retardar a disseminação. Mulheres, idosos e pessoas com comorbidades foram os mais afetados, mas a mortalidade diminuiu. 

Outro artigo relevante investiga as práticas de redução de danos relacionadas ao aborto inseguro na atenção primária à saúde (APS), em São Paulo. A pesquisa mostra que, diante da omissão do Estado, profissionais da APS têm adotado estratégias de cuidado integral para mulheres em situação de aborto inseguro. O estudo revela tanto os obstáculos institucionais quanto a potência das práticas de acolhimento, sinalizando caminhos possíveis para uma APS mais ética, comprometida e sensível às necessidades das mulheres. 

A pesquisa Preditores de clusters de trajetórias de intensidade de atividade física no lazer em homens e mulheres do ELSA-Brasil busca entender como diferentes perfis se relacionam com a prática de exercícios ao longo do tempo. O estudo identificou clusters com padrões distintos entre homens e mulheres, associando maior atividade física a fatores como renda, escolaridade, alimentação saudável e não tabagismo. Em ambos os sexos, idade e escolaridade foram os principais preditores, o dado mais preocupante é que menos de 10% dos participantes mantiveram níveis adequados de atividade física. 

Leia o fascículo de abril na íntegra aqui

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