Setembro Amarelo é o mês de prevenção ao suicídio e um artigo publicado no Cadernos de Saúde Pública analisa o comportamento suicida e autolesões não suicida em grupos vulneráveis e minorias populacionais. O artigo analisou a vida de jovens periféricas considerando suas experiências com a suicidalidade e seus horizontes relacionais e violentos. Nove mulheres participantes da quinta onda de uma coorte sobre saúde mental e violência, entre 2005 e 2022, no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, foram entrevistadas (2022) sobre os contextos que as mantiveram à margem do suicídio, apesar de importante sofrimento emocional, da infância à juventude.
Em 2024, a análise de cerca de um milhão de dados pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, em colaboração com pesquisadores de Harvard, mostrou que a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% por ano no Brasil entre 2011 a 2022, enquanto as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos de idade evoluíram 29% ao ano no mesmo período. Os números apurados foram publicados na revista The Lancet Regional Health – Americas superam os registrados na população em geral, cuja taxa de suicídio apresentou crescimento médio de 3,7% ao ano e de autolesão de 21% ao ano, no período analisado.
A pesquisadora do Cidacs/Fiocruz e líder da investigação, Flávia Jôse Alves, verificou que as taxas de notificação por autolesões aumentaram de forma consistente em todas as regiões do Brasil no período citado. “Isso também aconteceu com o registro geral de suicídios, que teve um crescimento médio de 3,7% ao ano”, explicou Flávia, à Agência Brasil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que os governos e as comunidades podem excercer seus papéis na contribuição para a prevenção do suicídio implementando o guia Viver a Vida. A abordagem da OMS para a prevenção do suicídio foi publicada em 2024 como um guia para que os países desenvolvam uma estratégia nacional de prevenção. Segundo a OMS, o guia permite aos países proteger as vidas de pessoas que se encontram em situação de sofrimento intolerável e em risco de suicídio, apresentando uma abordagem multissetorial de prevenção.