O percurso de aprendizagem Gestão, Compartilhamento e Abertura de Dados para Pesquisa promoveu, no dia 24 de setembro, o webinário Conhecendo o repositório de dados da Fiocruz: o Arca Dados. O encontro on-line reuniu cerca de 70 participantes e foi mediado pelas coordenadoras do comitê gestor do Arca Dados — Aline da Silva Alves, Claudete Fernandes de Queiroz e Vanessa Jorge. Durante a atividade, foram abordados os principais aspectos do repositório institucional, com destaque para segurança jurídica, soberania de dados e preservação da memória científica.
Voltado exclusivamente para o depósito de dados de pesquisa, o Arca Dados se diferencia do repositório Arca, que reúne artigos, teses, dissertações e outros documentos. No novo espaço, é possível armazenar registros coletados ou produzidos durante pesquisas — como planilhas, imagens, scripts e vídeos — que dão sustentação aos resultados científicos da instituição.
Desenvolvido a partir do software Dataverse, da Universidade de Harvard, o Arca Dados é utilizado por mais de cem instituições ao redor do mundo. Em 2024, tornou-se o primeiro repositório da América Latina a receber o selo internacional CoreTrust Seal, certificação que atesta sua qualidade e confiabilidade.
Durante o webinário, Vanessa Jorge ressaltou que o repositório é um espaço seguro e estratégico para os pesquisadores da Fiocruz. A mensagem foi reforçada por Claudete Queiroz, que destacou a importância de manter os dados da instituição em um ambiente próprio, com mecanismos de segurança digital e preservação de longo prazo.
Na interação com o público, surgiram menções a plataformas como Zenodo, Google Academy e Kaggle. As mediadoras alertaram que, embora úteis, essas ferramentas estão hospedadas em outros países, submetidas a legislações estrangeiras e com riscos de descontinuidade no acesso — situação já enfrentada por pesquisadores da Fiocruz, que precisaram pagar para reaver seus próprios dados em serviços externos.
Um dos diferenciais do Arca Dados é o serviço de depósito assistido, que oferece suporte técnico, ético e jurídico para a publicação de dados de pesquisa. Diferentemente de plataformas baseadas em autoarquivamento, a Fiocruz disponibiliza um atendimento personalizado, no qual especialistas orientam sobre anonimização, metadados, formatos e geração de DOI. Esse processo garante a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e com as boas práticas da Ciência Aberta, assegurando maior confiabilidade e rastreabilidade.
O repositório também atua como guardião da memória institucional. Durante o encontro, Claudete Queiroz relembrou a experiência da pesquisadora Lileia Gonçalves, do Instituto René Rachou, Fiocruz Minas, que depositou no Arca Dados quase 200 mil fichas de captura de barbeiros coletadas ao longo de 20 anos pela antiga Sucam, em Minas Gerais. Após passar pelo processo de depósito assistido e obter a autorização da Funasa, esse conjunto de dados sobre a doença de Chagas foi preservado e tornado acessível ao público.
Formação em Ciência Aberta
O webinário integra o percurso de aprendizagem Gestão, Compartilhamento e Abertura de Dados para Pesquisa, o terceiro lançado pelo Programa de Desenvolvimento de Pessoas para o Ecossistema da Ciência Aberta. A iniciativa é fruto da parceria entre a Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) e a Escola Corporativa Fiocruz, e busca formar profissionais da instituição para os desafios da ciência contemporânea.