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CSP debate pneumonia na primeira infância, cão de serviço e HIV/aids em Guiné-Bissau

Por Clara Rosa Guimarães, jornalista de CSP

A nova edição de Cadernos de Saúde Pública, de outubro de 2025, está no ar. No Editorial, as Editoras-chefes refletem sobre o compromisso da revista com a qualidade científica e a coerência entre os manuscritos publicados e seu perfil editorial. O texto reforça o papel dos editoriais como “a voz da revista”, espaço em que se expressam sua identidade, seus valores e os caminhos que oferece à comunidade científica. As Editoras destacam que o rigor mantido por CSP representa uma forma de resistência à naturalização da produtividade desmedida, reafirmando o compromisso com uma ciência de qualidade, fundamentada na reflexão crítica e na relevância social. 

Entre os destaques da edição está o estudo Prevalência de pneumonia na primeira infância e fatores associados em local com alta cobertura vacinal pneumocócica, pesquisa pioneira no Brasil que descreve a prevalência e os fatores associados à pneumonia em crianças de até 6 anos após a introdução da vacina pneumocócica no Programa Nacional de Imunizações. Utilizando dados da coorte de nascimentos de Pelotas, os autores identificaram que quase uma em cada cinco crianças apresentou ao menos um episódio de pneumonia até os 6 anos de idade, sendo a maioria no primeiro ano de vida. 

O artigo Uma companhia inesperada? O cão de serviço e a expressão de emoções no espaço hospitalar: uma perspectiva etnográfica analisou a visita regular de uma cadela de serviço a um hospital do Sistema Único de Saúde, no Rio de Janeiro, e observou seus efeitos na dinâmica das relações de trabalho, no afeto e na expressão das emoções. O estudo evidencia o potencial dos Programas de Apoio Assistido por Animais como tecnologias sociais inovadoras, capazes de ampliar as redes de cuidado e fortalecer práticas mais humanas e colaborativas no espaço hospitalar. 

Já a pesquisa “Não tem vaga, só se conhecer alguém”: percepção do acesso à saúde por mulheres congolesas residentes no Rio de Janeiro, Brasil, investiga as experiências de mulheres congolesas refugiadas no acesso aos serviços do SUS. Com base em entrevistas e observação participante, a pesquisa evidencia como a desconfiança, as barreiras linguísticas e as experiências de discriminação dificultam o acolhimento e o atendimento dessas mulheres. Os autores reforçam que ouvir e incluir mulheres negras refugiadas na definição de prioridades assistenciais é fundamental para fortalecer o princípio da equidade no sistema de saúde brasileiro. 

Com enfoque internacional, o artigo “Quando o país depende inteiramente dos parceiros, as coisas tendem a não dar certo”: iniciativas globais de saúde e HIV/aids em Guiné-Bissau analisa a atuação de organismos internacionais, governo e sociedade civil na resposta nacional ao HIV/aids. O estudo destaca a presença de ao menos 15 ONGs e uma forte cooperação com o Brasil, via cooperação Sul-Sul, além de identificar o Fundo Global como principal fonte de financiamento. Os autores discutem o paradoxo entre a indispensabilidade da ajuda internacional e as relações de dependência que ela pode reforçar, dificultando o fortalecimento da soberania e da gestão local. 

O fascículo de outubro de Cadernos de Saúde Pública está disponível no site da revista. 

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