Um artigo recém-publicado na revista Cadernos de Saúde Pública (CSP), periódico da Fiocruz disponível em acesso aberto, aborda os desafios vividos por pessoas surdas que utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para acessar serviços de saúde. Publicado por Rafael Rodrigues de Moraes, Laura Sabrinny de Sá Pereira, Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, Giovana Astolfi Pico e Nubia Garcia Vianna, o estudo analisa o atendimento a indivíduos com 18 anos ou mais, da região de Campinas, em São Paulo, e revela como barreiras comunicacionais e estruturais impactam diretamente a qualidade do cuidado na assistência a pessoas surdas.
Os resultados apontam que a ausência de profissionais capacitados em Libras e a escassez de intérpretes qualificados dificultam o atendimento adequado, comprometendo o direito à informação e à autonomia dos usuários. A pesquisa destaca que, mesmo com legislações que reconhecem a Libras como meio oficial de comunicação, a implementação prática ainda é limitada, resultando em atendimentos fragmentados e experiências de exclusão.
Além de evidenciar os obstáculos, o artigo chama atenção para caminhos possíveis rumo a uma saúde mais inclusiva. Entre as medidas defendidas, estão a ampliação do ensino de Libras nos cursos da área da saúde, o fortalecimento de políticas públicas específicas e a garantia da presença de intérpretes nos serviços. Essas ações, segundo os autores, poderiam contribuir para um ambiente de maior equidade e acolhimento, fortalecendo o princípio da universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS).