Em novo Editorial de CSP, o Editor Associado Arn Migowski discute um momento de inflexão para o programa nacional de rastreamento do câncer do colo do útero. O autor defende que a cobertura, embora importante, não pode ser a única métrica de avaliação. A efetividade depende de mudanças no modelo organizacional do programa e de uma abordagem sistêmica que considere qualidade, continuidade do cuidado e resultados concretos para a população.
Base para o Editorial, o artigo Rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil: análise da cobertura a partir do Sistema de Informação do Câncer mostra que a cobertura média entre 2021 e 2023 foi de apenas 35,6%, muito abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. O estudo aponta ainda superestimação dos indicadores tradicionais e propõe simulações que revelam cenários mais promissores, com possibilidade de ultrapassar 70% de cobertura em alguns estados.
O Ensaio aborda o impacto da hiperestimulação digital na memória, no foco e no senso crítico. O texto mostra como o excesso de estímulos pode apagar referências coletivas, fragilizar a conexão com a realidade e abrir espaço para narrativas negacionistas e pós-verdades.
Na pesquisa “Talvez seja só a idade”: representações sobre adoecimento por brasileiros com doença de Alzheimer, um estudo qualitativo revela como pessoas com Alzheimer leve e moderado explicam e ressignificam a condição, desde interpretações biomédicas até estratégias culturais de minimização, como apelidar a doença de “Zazá”. A compreensão dessas narrativas é fundamental para um cuidado mais humano e sensível às experiências individuais.
O estudo Raça/cor, gênero e classe nas relações sociais e afetivas de jovens negras: uma abordagem interseccional mostra como o racismo, o sexismo e a desigualdade atravessam o cotidiano de meninas negras em um bairro popular de Salvador. Apesar dos impactos sobre autoestima, saúde mental e relações afetivas, emergem também espaços de resistência coletiva que fortalecem identidades e apontam caminhos para maior equidade.
Já o estudo Análise do tempo de sobrevida em mulheres com câncer de mama por modelos de regressão distribucional utiliza técnicas estatísticas avançadas (GAMLSS) para identificar fatores associados à sobrevida de pacientes em Campina Grande. O trabalho destaca que número de sessões de terapia hormonal e quimioterapia, assim como marcadores moleculares, estão diretamente relacionados ao prognóstico.
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