O episódio de julho do “Entrevista com Autores”, uma iniciativa de Cadernos de Saúde Pública em parceria com a ENSP, aborda o artigo A carga de saúde dos desastres naturais e tecnológicos no Brasil de 2013 a 2021, publicado este ano no periódico.
Para este debate foram convidados os autores Abner Willian Quintino de Freitas, Regina Rigatto Witt e Ana Beatriz Gorini da Veiga. A mediação ficou a cargo de Carlos Machado de Freitas, autor do Editorial Desastres e icebergs: precisamos ir além. O vídeo pode ser visto no canal do YouTube da ENSP ou ouvido em sua forma de podcast.
O estudo aponta que foram registradas mais de 50 mil catástrofes no Brasil entre 2013 e 2021, sendo 98,62% eventos naturais. Em relação aos danos humanos, as catástrofes biológicas naturais levaram ao maior número de vítimas. As perguntas elaboradas pelo pesquisador Carlos Machado de Freitas para este novo episódio aprofundaram os aspectos trazidos neste manuscrito de CSP.
Ana Gorini da Veiga, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, questiona quanto tempo as pessoas ficam impactadas psicologicamente após um desastre. “E não apenas as vítimas diretas, mas também seus familiares, aqueles que perderam familiares, amigos ou que tiveram que lidar com as enfermidades decorrentes de amigos e familiares. Seria importante a instituição de um grupo ou setor de acompanhamento de vítimas de desastres ou relacionado a desastres”, complementou a pesquisadora.
Por sua vez, Abner Willian Quintino de Freitas, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Tecnologias da Informação e Gestão em Saúde pela UFCSPA, destaca os desastres geológicos, em especial a relação dos deslizamentos com as regiões do país. “O desastre que hoje, em termos de taxa de letalidade, mais mata no Brasil está diretamente relacionado a território, área de risco e ocupação desordenada”, afirma o autor.
A professora titular da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Regina Rigatto Witt, apontou para a importância das questões de moradia e áreas de risco. “É preciso avançar no quesito da intersetorialidade, trazer esses dados [observados no estudo] para fazer melhor esse planejamento. É um trabalho bem grande”, concluiu Witt.
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