Conhecimento é bem público
Ao integrar suas revistas científicas no Portal de Periódicos, Fiocruz promove diálogo entre saberes e avança na...
Por Flávia Lobato (Portal de Periódicos Fiocruz)
Emplacar um artigo numa revista científica, chegando à fase final de publicação, é uma grande conquista para a maioria dos pesquisadores. Para que um manuscrito entre na seleção dos editores dos periódicos, seus autores passam por várias etapas: submissão do trabalho, avaliação por pares, revisão, edição. Mas este modelo, que tem sido usado por séculos para validar a informação científica, vem sendo criticado. No campo do conhecimento e da divulgação científica, um dos debates da vez é a adoção de preprints — manuscritos com dados e metodologia completos, depositado pelos autores em um repositório público, mas sem avaliação prévia dos pares. Numa tradução livre, uma “pré-impressão” ou “pré-publicação” do artigo.
Em dezembro de 2017, a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz — o periódico científico mais antigo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) — passou a aceitar a submissão de preprints. Para ilustrar as principais diferenças deste processo em relação ao de revisão por pares, o Portal de Periódicos Fiocruz traz o infográfico Preprints e os novos desafios de autores e editores na comunicação científica, que tem como fonte o editorial de Adeilton Brandão e Claude Pirmez, editores das Memórias.
O material também trata das implicações deste novo esquema tático, em que se joga de forma mais aberta, em relação ao sistema tradicional de publicação — fechado, lento e custoso. Paralelamente, mostra como isso está relacionado à entrada das tecnologias digitais nesta arena, numa partida disputada pelas agências de financiamento e investidores públicos e as grandes editoras comerciais. Enquanto o primeiro time busca agilidade para garantir resultados imediatos e transparentes, o segundo fica na retranca para defender seus interesses. Ambos têm o objetivo de fazer com que os artigos ganhem visibilidade junto a um grande público.
Editores precisam repensar seu posicionamento
Nessa partida, o papel dos editores mudou, e eles precisam repensar seu posicionamento. No processo tradicional de revisão por pares, os autores batiam à porta das revistas científicas. Dominando a bola, o editor tinha maior poder para decidir quais artigos continuavam ou não na sua seleção.
Com as novas tecnologias, a internet, os movimentos pela ciência aberta e a força das redes sociais, a pressão aumenta. Todo mundo pode ser um comentarista e repercutir (positiva ou negativamente) os resultados das pesquisas, seja na comunidade científica ou junto à sociedade, à população em geral. Assim, os editores assumem a posição de centroavantes ou pontas de lança, buscando mais ativamente as melhores oportunidades de gol para sua revista. Agora, também compete aos editores convencer os autores a passarem a bola para a sua revista.
Bola dentro (vantagens)
Bola fora (desvantagens)
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